quinta-feira, março 13, 2025
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O que aconteceria a Daniel Chapo se saísse hoje à rua?

O que aconteceria a Daniel Chapo se saísse hoje à rua?

Deceção foi o que alguns setores sentiram em relação ao primeiro mês de Presidência de Daniel Chapo. Convidado a avaliar o seu desempenho, o analista moçambicano Ivan Maússe considera que “o Presidente Chapo navegou num vazio”. E explica porquê: “não notamos nenhum tipo de diferença em relação ao modus operandi do anterior Governo”.

Maússe constata que “foram praticamente 30 dias em que o Presidente Chapo não conseguiu fazer algo notável que, de alguma forma, cause impacto na vida dos moçambicanos”

A mesma perceção tem Xavier Nhanala, que fala em fiasco. O analista também crítica a “notável falta de proximidade de Chapo” para com o povo que o elegeu. É prática de presidentes eleitos agradecerem o apoio popular, após vitória eleitoral.

Mas Nhanala mostra-se esperançado: “Oxalá ele comece a trabalhar e comece a fazer-se sentir nas ruas”, admite. “Se ele disse que venceu, é importante que saia às ruas, que se comunique com o seu povo, com o seu eleitorado, e faça o país andar”, aconselha, mas lamentando de seguida. “Estamos a ver um PR que se esconde, não sai a rua.”

Mais críticas que elogios

Mas há uma percepção generalizada de que o Presidente da República (PR) proclamado pelo Constitucional Constitucional (CC) receia contacto com a população que o contesta. Há mesmo a convicção de que Daniel Chapo seria vaiado. Com base no clima de tensão políticaque o país vive, uma cidadã, que não se quis identificar, advinha, em tom de desabafo. “Acho que a população não receberia isso de bom grado, porque há muitas questões que o povo reclama que ainda não foram resolvidas”.

A cidadã Josefa Arouca pensa igual: “Chapo em qualquer rua que seja, do Rovuma ao Maputo, por enquanto não. Acredito que ele seria vaiado pela população. Não seria uma boa ideia, por enquanto”.

E a moçambicana alerta: “É muito perigoso até, não é uma boa altura para isso, ele não é uma pessoa reconhecida pelos moçambicanos”.

Sobre Chapo chove mais críticas do que elogios. Além de ser visto como mera continuidade do anterior consulado, também se questiona a delonga nas nomeações no seu Governo, algo incomum.

E os esquadrões da morte atuam a todo vapor no seu consulado, tornando Chapo ainda mais impopular, levando o seu opositor, Venãncio Mondlane, a apelida-lo de “mata e reza”.

O novo residente da Ponta Vermelha enfrenta também forte rejeição popular, principalmente entre a juventude. Nas redes sociais, por exemplo, muitos não o reconhecem como PR.

A propósito, o analista Ivan Maússe entende que este “é um Governo que está com crise de legitimidade”. A expetativa era outra. “Esperávamos, na altura em que fez o seu discurso a 15 de janeiro, que pudesse nas semanas subsequentes tomar medidas que fossem estruturantes” e “que pudessem causar impactos e fizessem com que este Governo arrecadasse algum tipo de legitimidade popular”.

Mas, não foi isso que os moçambicanos notaram. “Mesmo o plano de 100 dias mexe com questões não tão estruturantes como pensávamos”, acrescenta Maússe.

Chapo trabalha em mudanças?

Porém, Chapo dá fortes sinais de querer ir de encontro aos anseios populares. Por exemplo, se abre a uma eventual revisão da Constituição e da Lei Eleitoral, bem como se esforça para uma eventual redução do preço da cesta básica. Um esforço para dar resposta à camada mais descontente, os jovens, criando o Fundo para o Financiamento do Desenvolvimento Económico Local, entre outras medidas.

A leitura que se faz é de que Chapo está a correr contra o tempo neste período de graça de 100 dias para dar respostas ao seu povo e só depois disso sair à rua. E a cidadã ouvida pela DW, sob anonimato, reconhece haver “já há alguns sinais de algumas medidas que ele está a implementar. Uma das medidas até vem das medidas de Venâncio Mondlane”.

Ela acredita “que depois dos 100 dias[ele saia à rua]”. Não agora, perspetiva: “a não ser que os funcionários sejam levados para encher o local [onde ele estaria] para o acolher.”


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